terça-feira, 21 de setembro de 2010

O Fetiche na Moda

Fetiche & Espartilho
Antes de entrar no assunto objeto deste post, que é a moda do fetichismo, vou explicar o que é fetiche e a sua origem.
Segundo os psiquiatras, fetiche é o uso compulsivo de objetos como estímulo à satisfação sexual; e o fetichismo é uma perversão em que um indivíduo utiliza um objeto que simboliza o desejo erótico. Muitas vezes, o desejo por objetos-fetiche são mais valorizados do que o ato sexual em si.
Não se sabe exatamente quando o fetichismo começou, mas há duas teorias que são aceitas entre os estudiosos do assunto.  Uma diz que o fetiche é inerente ao homem e que se trata de um fenômeno universal, tendo como exemplo as mulheres chinesas que atrofiavam os pés para conquistar seus futuros maridos. A segunda teoria, e a mais aceita, diz que o fetichismo surgiu na Europa no século 18 e ganhou força no século 19, quando houve uma espécie de revolução sexual, na qual os comportamentos sexuais tradicionais começaram a mudar em direção ao padrão moderno.
Fotos de  Espartilho Beautiful Woman - 4 peças
Beautiful Woman
Durante o Renascimento, época em que a beleza feminina foi bastante exaltada e os seios era o centro das atenções, a veia erótica do espartilho se aguçou e passou a ser um dos símbolos do fetichismo. Na época da Revolução Francesa, devido ao forte apelo social, o espartilho entrou em desuso e as mulheres passaram a usar roupas simples e práticas. Mas foi a Primeira Guerra Mundial que aboliu definitivamente o uso do espartilho, pois as mulheres precisam trabalhar, uma vez que os homens estavam lutando na guerra.
Nos anos de 1940, o estilista Christian Dior deu força ao espartilho com o seu New Look, valorizando as formas femininas. A moda era ter seios bem erguidos, como os das pin-ups, traduzidas por Sofia Loren, Brigite Bardot, Rita Hayworth e Marylin Monroe. Mas foi nos anos 90 que o uso do espartilho se popularizou como símbolo da mulher dominadora e sexualizada que permanece até hoje.
No fim da década de 60 e início da década de 70, motivadas pela liberação sexual e pelo desejo de se rebelar contra as normas vigentes, as pessoas ditas normais, passaram a usar os objetos-fetiche, que antes habitavam apenas o submundo dos pervertidos, e a partir desse momento tronou-se um fenômeno de massa. Nessa época, também, influenciados pelo rock and roll, os homens passam a usar elementos do fetichismo, tornando suas roupas mais eróticas. Aliás, o rock tem sido, até os dias atuais, um grande influenciador da moda, com suas calças de couro e seus acessórios cheios de tachas e muito metal. Não se pode esquecer a contribuição dos punks, que incorporaram vários objetos agressivos ao seu estilo, como coleiras e correntes, os saltos agulha e a meia arrastão.
Michelle Pfeiffer como Mulher Gato 
No início da década de 80, as feministas começaram a questionar o uso do fetichismo, pois segundo elas, este era um hábito que explorava a sexualidade feminina, chegando até a desumanizá-las. Mas, apesar dos protestos feministas, o movimento fetichista crescia e ganhava mais adeptos, como os góticos, que surgiram nesse período e deram ao vestuário fetichista um tom ainda mais extravagante e agressivo. Foi neste período também que surgiram os clubes fetichistas, local onde pessoas com tendências fetichistas se encontravam para trocar experiências e extravasar seus desejos eróticos sem serem censuradas.

 
Madonna na turnê Blond Ambition

Mas foi nos anos 90 que o fetichismo se tornou uma inspiração para o mundo da moda, inicialmente com o estilista Jean Paul Gaultier e seu inesquecível espartilho rosa com busto em forma de cones, criado para a Madonna em sua turnê Blond Ambition, e posteriormente com a coleção desfilada por Versace nas passarelas internacionais. Apesar de ter surgido há quatro séculos, o espartilho é tido, ainda hoje, como um dos principais ícones do fetichismo.
Como a moda reflete o pensamento vigente e a condição social das mulheres, a adoção do estilo fetichista está mais ligado ao ideal de mulher forte e independente do que ao sexo propriamente dito. A roupa é a linguagem do corpo, por meio dela transmitimos ao mundo a imagem que desejamos que as pessoas tenham a nosso respeito. E quando usamos uma roupa com estilo fetichista, passamos uma imagem de poder e sedução.
A verdade é que o fetiche existe e está na moda. Salto agulha, bota de cano longo, calça de couro, batom vermelho, renda, cinta-liga, espartilho, entre outros, são objetos de desejo que habitam nossos pensamentos diariamente. Para a psicanalista Heloísa Caldas, o fetiche veste o corpo para dar-lhe valor e beleza. Funciona como um jogo de mostra e esconde, seduzindo e despertando o desejo.

Créditos:
Dagmar Serpa e Heloisa Noronha
Fernanda Colavitti
Tarcisio D'Almeida
Sabrina Cairo
Débora Borges Justino

Um comentário:

  1. Informação sempre é bom, mas o fetiche na prática é muito melhor do que na teoria...

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